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Considerações acerca do fim da saga The Witcher como foi escrita pelo autor

Meu pecado por não haver lido ainda Senhor dos Anéis finalmente foi amenizado

Contém detalhes do enredo dos livros que podem atrapalhar quem deseja ser surpreendido (os famigerados spoilers)

A recém-nascida cresceu, e bastante, dentro da tumba, e seus dentes se desenvolveram de maneira impressionante. Em poucas palavras: virou uma estrige. É uma pena que você não tenha visto os cadáveres. Eu vi. Se você tivesse visto, certamente teria evitado entrar em Wyzim.

Acabei, hoje, o sétimo e último livro da saga the witcher. Ainda existe mais, uma prequela, mas que não é condição essencial para conhecer o desenvolvimento e a resolução da história. Preciso admitir, antes de mais nada, que eu li o livro com auxílio da alexa em velocidade maior, cerca de vinte por cinco a cinquenta por cento maior; isso em si não é mal, e acompanhei muito bem toda vez que li enquanto ouvia. O problema foi querer ouvir enquanto eu fazia outras coisas como trabalhar ou navegar aleatoriamente pela internet. Muitos detalhes foram perdidos, e, embora eu tenha sentido grande impacto com a morte, primeiramente, de Milva e depois de Cahir e os demais, eu já estava muito desanimado com o andamento da história como um todo, talvez desiludido com toda a história, é cedo para dizer.

Acabei, hoje, o sétimo e último livro da saga the witcher. Ainda existe mais, uma prequela, mas que não é condição essencial para conhecer o desenvolvimento e a resolução da história. Preciso admitir, antes de mais nada, que eu li o livro com auxílio da alexa em velocidade maior, cerca de vinte por cinco a cinquenta por cento maior; isso em si não é mal, e acompanhei muito bem toda vez que li enquanto ouvia. O problema foi querer ouvir enquanto eu fazia outras coisas como trabalhar ou navegar aleatoriamente pela internet. Muitos detalhes foram perdidos, e, embora eu tenha sentido grande impacto com a morte, primeiramente, de Milva e depois de Cahir e os demais, eu já estava muito desanimado com o andamento da história como um todo, talvez desiludido com toda a história, é cedo para dizer.


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TODAS as imagens deste artigo são de Imagens fotografadas do livro The Witcher RPG — Devir Livraria; 1ª edição (4 setembro 2020). Por Cody Pondsmith, Lisa Pondsmith.


Quando eu apenas ouvia a alexa sem ler em acompanhamento, eu perdi detalhes como o encontro de Jarre com Luciene, sua futura esposa. Muitos desfechos de diferentes destinos ficaram em branco. Algumas nuances também, estão em terreno instável. Mas eu considero a leitura como bem sucedida, principalmente no décimo segundo e último capítulo onde usei a alexa da maneira que deu certo para mim, que é com o livro em mãos, apenas usando-a para marcar o compasso, um ritmo incansável que desafia quaisquer olhos treinados para leitura em linhas e letras pequenas. Ela não treme mesmo em palavras confusas ou neologismos. Avança sem parar, com nenhuma entonação, que cabe ao leitor criar em sua leitura. De certa forma a alexa ajudou-me a experimentar a leitura dinâmica pela primeira vez, e talvez com um pouco de exercício eu possa continuar lendo rápido sem ela, mantendo o melhor de ambos os cenários — leitura rápida e incansável com entonação e momentos de contemplação.

Foi um fim, sem dúvida. Empurrado à força, talvez, talvez não. É um mundo violento e perigoso onde, o autor parece concluir, não existem motivos para ser bondoso. Eu lamento que tenha sido o fim da gangue do geralt, assim como lamento o fim triste de uma forma geral para o romance; Emhyr, o imperador, saiu como um bom homem no fim. O amor de Geralt e Yen acaba se tornando a pedra basilar do destino dos personagens. Eles ficam juntos mesmo quando já não tem mais nada ao seu redor. Eu me diverti muitas vezes e ri como louco o tempo todo, mas só posso supor que estava já, desde o livro quatro e cinco, desanimado, seguindo com a determinação apenas de ler a palavra de três letras que encerra aquele trabalho magistral feito nos anos noventa e que é um ícone na Polônia, e que, graças aos jogos, ganhou o mundo. De certa forma eu queria ver como a literatura poderia dar início a jogos tão bons e como aconteceu essa ponte — porque é a mesma história e não é. De certa forma o livro não se encerra no Senhora do Lago parte dois, mas apenas tem uma queda, um vale de atividade para voltar como The Witcher 1, que dá seguimento à história mais incrível. A literatura evoluiu e continuou sua missão nos novos meios à disposição.


bruxão nilfgaard a-peste Para assinantes da prime, alguns livros da saga the witcher estão grátis no prime reading (podem ter saído depois, sabe como é)


Assim como o nobel de literatura de 2016 foi para um poeta que por acaso canta suas poesias, a historia de Geralt, com seu mundo incrível e seus incríveis personagens, saiu do papel e ganhou as telas luminosas. As missões secundárias, por exemplo, são grandes formas de viver uma pequena história no estilo dos livros de Sapkowsky, algumas vezes, dizem alguns, até melhores que a original — quando a cópia fica melhor que o original, é justo ainda chamar de cópia? Orson welles discutiu isso com muito mais propriedade do que eu posso fazer em um documentário chamado F for Fake, caso alguém esteja curioso.

Para quem não conhece, ou apenas conhece por cima, The Witcher começou como Wiedźmin, um livro de contos que evoluiu para uma saga, e é um livro muito querido no seu país natal. Para quem não sabe se quer ler os livros eu sempre recomendo o primeiro e o segundo, que são de contos — eles dão o tom de tudo o que se seguirá e são muito bons. Muita gente, e eu me incluo entre eles, veio conhecer os livros por causa do jogo (provando que a ponte entre a literatura e os games é uma via de mão dupla). O jogo The Witcher da CD Projekt mais conhecido é o terceiro da franquia, e é considerado uma obra inescapável para qualquer pessoa que queira saber o que há de melhor na indústria na última década. Como já afirmaram em diversas entrevistas a escolha por the witcher foi natural para eles pois já eram fãs dos livros. Tudo indica que isso é verdade porque o resultado final é uma obra que é muito respeitosa com a obra original (e nem é preciso se referir a terceiro e mais bem feito jogo da franquia, nota-se já no primeiro).

A série the witcher da netflix é uma unanimidade em resenhas negativas nos fóruns especializados na internet. Muitas das histórias da primeira temporada estão contidas nesses dois primeiros livros —da minha parte, eu gostei da série, para maratonar, principalmente pelo casting. Quando lia os livros, no entanto, as referencias visuais que eu tinha eram dos jogos, que me impressionaram primeiro. A fonte, no entanto não parece estar se encaminhando para uma exaustão em breve, com a cd projekt planejando mesmo uma quarto jogo e spin offs como o thronebreaker, um jogo de visão isométrica que usa o sistema de cartas tipo magic deles lá, o gwent, para resolver conflitos. É difícil mensurar o sucesso de um produto, seja qual ele for, e não estou inclinado a dizer que sejam os méritos literários dos livros que o fizeram atingir tamanha grandeza, mas também não posso negar que é impossível não gostar de Geralt, de sua trupe, de suas aventuras, mesmo que por muitas vezes seja tudo muito cinza ou muito amadurecido ou muito clichê senhor dos anéis. Até porque se é clichê, (se bem administrado) é bom, e porque nunca vamos nos cansar de histórias medievais, cheias de heroísmo (ainda que disfarçado de cinismo) e emoção.

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